Crítica | ‘Blonde’ é sobre dor e faz da vida de Marilyn Monroe um terror sem fim
Não sei se o que eu vi era uma piada de mal gosto ou era apenas uma retratação das visões sexistas dos homens envolvidos na produção

(Foto: Reprodução /Netflix)
O título desta crítica pode ser considerado forte porém digo que ele resume bem o filme em questão, que parece nenhum pouco interessado em explorar o lado humano, doce, gentil e marcante que Marilyn Monroe carregava em sua essência.
Ana de Armas está magnífica, como Marilyn ela seria ovacionada, mas no filme certo, não neste, ela é uma atriz deslumbrante e é muito legal prestar atenção nela. Em muitos, mas em muitos momentos mesmo quando eu via a Ana de Armas caracterizada de Marilyn Monroe eu tinha certeza que ela seria a atriz certa parar interpretar a Madonna em alguma cinebiografia da artista, mas voltando...
De início, o filme parece não saber bem como contar e da início a história, parece mais que eu estava vendo uma experiência e várias tentativas mal sucedidas de criar algo novo e "incrível", as escolhas visuais funcionam na maioria das vezes, chega até a surpreender, porém eu senti que o diretor e os caras por trás das câmeras decidiam brincar e não levar o trabalho a sério. O uso das técnicas mirabolantes como a mistura de efeitos de zoom, mudanças a todo instante entre o colorido e o preto e branco, muita coisa que não faz sentido algum mas está ali, não existe explicações para algumas das ideias e isso nem é a pior parte do filme, até agora eu estou falando apenas do visual.
O foco aqui é no trauma, nos piores momentos, é quase um blockbuster de dor e sofrimento, ele em toda sua totalidade desonra a imagem, vida e carreira de Marilyn Monroe, ele é injusto, ele mexe com você (não de forma positiva) e você cria uma aversão as escolhas criativas em torno de todo o filme, o fato da presença de nudez explícita não incomoda, o que realmente incomoda é como isso é tratado, a visão do diretor, que por sinal é super problemática, é totalmente sexista, se torna um filme que faz qualquer pessoa em sã consciência se questionar: “Como pode isso em 2022 ?”.
É triste porque a todo momento estamos assistindo desastres, o longa foca nisso, a cada segundo algo pesado ocorre com a protagonista, como se a vida da mesma se fosse resumida apenas a isso diante à toda sua grandeza. Em NENHUM momento o roteiro explora outros prismas de sua vida e constrói algo que te faça se sentir bem, a sensação é de que eles precisavam de um filme onde uma mulher estivesse sofrendo, tendo seu corpo a todo momento sofrendo abusos extremo e passando pelo todo o tipo de dor por quase 3 horas. Tudo pode até ser baseado em um livro e não ter a função de ser uma cinebiografia fiel a realidade, porém você acha que isso é desculpa para explorar o corpo feminino e fazer o que fez por quase 2 horas e 40 minutos ?
Se você quer uma nota minha, eu daria nota 1. É até difícil de recomendar, pode causar dor e ativar gatilhos em muita gente e principalmente em mulheres.
Uma releitura ousada da vida de Marilyn Monroe, um dos ícones mais famosos de Hollywood. Desde sua infância tumultuada até sua ascensão meteórica.
Blonde:
Uma releitura ousada da vida de Marilyn Monroe, um dos ícones mais famosos de Hollywood. Desde sua infância tumultuada até sua ascensão meteórica.
Data de lançamento: 16 de setembro de 2022 (EUA)
Diretor: Andrew Dominik
Roteiro: Andrew Dominik
Produção: Brad Pitt, Scott Andrew Robertson, Dede Gardner, Jeremy Kleiner, Tracey Landon