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As referências por trás de 'Black Parade', nova música da Beyoncé

Atualizado: 23 de jun. de 2020

"Black Parade" é uma celebração da negritude. Na canção, Beyoncé canta orgulhosamente sobre sua herança, seu lar, sua feminilidade, ancestralidade e sobre a história de seu povo.

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(Foto: Reprodução / Parkwood Entertainment)


Lançada no dia em que se celebra a liberdade dos negros nos Estados Unidos (19 de Junho), 'Black Parade' da Beyoncé apresenta uma celebração da negritude. Na canção, Beyoncé canta orgulhosamente sobre sua herança, seu lar, sua feminilidade, ancestralidade e sobre a história de seu povo, num momento de revolta da sociedade, contra a brutalidade policial nos Estados Unidos.

Beyoncé começa a música fazendo menção aos seus ancestrais e ao passado de seu povo:

"Vou voltar para o sul, eu vou voltar. Onde minhas raízes não são diluídas, crescendo, crescendo como um Baobá".

A menção ao passado, ao ato de voltar ao sul, diz respeito aos seus ancestrais. Nos Estados Unidos, boa parte da população negra de desenvolveu no Sul do país, dessa forma, nesse lugar, com seu povo, sua cultura e sua vivência não são diluídas, mas são fortes como um Baobá. Essa árvore em questão, é um símbolo nacional de Madagascar e o emblema nacional do Senegal, sendo nesse país do continente africano, considerada sagrada e utilizada como fonte de inspiração para lendas e poesias. De acordo com uma dessas antigas lendas, se um morto for enterrado dentro do tronco de um Baobá, sua alma continuará viva enquanto a planta existir.

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(Baobá em Senegal. Foto: comendocomosolhos.com)


Em seguida, Beyoncé canta e apresenta, mais uma vez, como em músicas anteriores - a exemplo de 'Spirit', 'Hold Up' e 'Formation' - seus Orixás de proteção.

"Charme em correntes de ouro, com a minha energia de Oxum... Figura de ouro... Eu carrego meus cristais na lua cheia... Minha irmãzinha representando Iemanjá... Miçangas da cintura de Ioruba".

Em seguida, ela diz que a terra de sua mãe - motherland - está guiando seus passos, sua melanina, uma espécie de benção à sua pele. Aqui, a 'motherland' citada por Beyoncé a mesma que ela representa no 'Lemonade', com as mesmas representações culturais do sul norte-americano, um local de respeito e amor à sua cor.

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(Beyoncé em 'Freedom', música do 'Lemonade'. Foto: Parkwood Entertainment)


"Não posso esquecer que minha história é a história dela, sim, sendo preta, talvez seja por isso que eles sempre enlouquecem. Sim, eles sempre ficam loucos. Já ultrapassei eles, eu sei que essa é a razão pela qual todos estão loucos".

Aqui, a Queen B comenta sobre todos os ataques que recebe por parte de haters, racistas e pessoas que não conseguem compreender a grandiosidade de sua cor. Ela segue fazendo menção à sua fiel fã base, a beyhive (as abelhas), que sempre se enfurece e protege a rainha contra qualquer ataque.

"Você os ouve o zumbido, certo? As abelhas são conhecidas por morder. Agora, aqui chegamos aos nossos tronos, sentados no alto. Siga meu desfile, oh, o meu desfile".

Em seguida, Beyoncé canta sobre os recentes protestos nos Estados Unidos envolvendo o movimento 'Black Lives Matter', sobre o contínuo assassinato da população negra por parte dos poderosos. Ela menciona que todos devem escolher um lado nessa luta, afinal de contas, até mesmo quem não se posiciona em situações de opressão, automaticamente, escolhe o lado do opressor.

"Confie em mim, eles vão precisar de um exército, de balas de borracha sendo jogadas em mim. Melhor você escolher o seu lado, eu sou sua cerca."
"Preciso de outra marcha, deixe-me chamar Tamika. Preciso de paz e reparação para o meu povo. Foda-se essas falsas promessas, vou deixar quebrar. Foda-se esses modos desvanecidos, eu vou deixar isso assustar (medo em tudo). Coloque os punhos no ar!"

Em óbvia referência aos protestos que tomaram conta do mundo, a Queen B menciona Tamika Mallory, ativista pelos direitos humanos, com forte atuação direcionada à luta pelas comunidades afro-americanas e a favor do controle de armas nos Estados Unidos. Tamika ganhou projeção mundial após o forte discurso abaixo. No registro, ela enfatiza: "não é mais possível dialogar com governantes, que seguem permitindo o assassinato da população negra", como ocorreu com George Floyd, é preciso tomar medidas drásticas.

Beyoncé também cita Mansa Musa em 'Black Parade', O rei africano que é considerado a pessoa mais rica da história. Historicamente, o império de Mansa controlava os territórios dos países que atualmente são a Mauritânia, Senegal, Gâmbia, Mali, Guiné, Burkina Faso, Níger, Nigéria e Chade. O rei governou por 25 anos até falecer em 1337, mas deixou um enorme legado de mesquitas, escolas, bibliotecas e museus que persistiu por muitas gerações.

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(Representação de Mansa Musa. Foto: HistoryNmoor / Wikimedia Commons)


No final da música, Beyoncé celebra sua negritude e em mais um manifesto de amor celebra a beleza e o orgulho da comunidade negra.

"Nós temos ritmo . Temos orgulho. Nós nascemos reis. Nós nascemos tribos . Rio sagrado , língua sagrada . Fale a glória. Sinta o amor".

É importante ressaltar que TODOS os lucros com 'Black Parade' serão doados para instituições que ajudam no desenvolvimento de pequenos empresários dentro da comunidade negra. Bey criou uma página em seu site, DIVULGANDO centenas desses projetos e micro empresas, desde bares a artistas independentes. Veja aqui: https://www.beyonce.com/black-parade-route/.


Texto: Arthur Anthunes

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