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Desigualdade de gênero na música: mulheres recebem apenas 9% dos direitos autorais distribuídos

Pesquisa realizada pela União Brasileira de Compositores (UBC) revela que apenas 13 mulheres estão entre os 100 maiores arrecadadores de direitos autorais vindos do exterior


Os direitos autorais ainda refletem um grande desequilíbrio de gênero no Brasil. É o que revela a quinta edição do estudo ‘Por Elas Que Fazem a Música’, realizado pela União Brasileira de Compositores (UBC) e divulgado neste 8 de março, o Dia Internacional da Mulher. O levantamento aponta que, em 2021, as mulheres receberam somente 9% do total distribuído em direitos autorais. Considerando os rendimentos vindos do exterior, entre os 100 maiores arrecadadores de direitos autorais, apenas 13 são mulheres. No entanto, a pesquisa também traz dados positivos, como o aumento do número de obras registradas com participação de mulheres. Em relação ao ano anterior, a participação feminina na quantidade de obras e fonogramas cadastrados cresceu em 4 categorias. Sendo 13% a mais no número de autoras e versionistas, 10% como intérpretes, 9% de músicos executantes e 22% de produtoras fonográficas Realizado anualmente, o relatório traça um mapeamento do papel e, fundamentalmente, da representatividade feminina na música brasileira. A pesquisa está disponível no site da UBC.


Associação responsável pela distribuição de quase 60% dos direitos autorais de execução pública musical no país, a UBC revela através do relatório que, entre artistas mulheres, a maior concentração está no sudeste, com 63%, enquanto a região norte reúne apenas 2%.

Representante de mais de 48 mil artistas, em 2021 a entidade registrou outro dado positivo sobre a participação feminina: o relatório indica que dobrou o número de associadas em relação ao primeiro levantamento, feito em 2018. Agora, elas representam 16% do quadro. No último ano, dos quase 8 mil novos associados, 18% foram mulheres.



Mila Ventura, coordenadora de comunicação da UBC, chama a atenção para o debate e urgência de uma participação maior das mulheres na indústria. “Entendemos a importância de gerar dados, pesquisas e estudos para o mercado da música como ferramenta de inteligência. Este ano, mesmo com a pandemia, o aumento significativo do número total de associadas demonstra que apesar de todos os desafios, as mulheres persistem e pouco a pouco vêm ocupando seus espaços, um reflexo direto da nossa sociedade. Além de aumentarmos o debate sobre os espaços ocupados pela mulher no cenário musical, este ano apresentamos também dados internos, provando que nosso compromisso com a mudança começa de dentro para fora. O quadro de funcionários da UBC é composto 58% por mulheres e dessas, 12 ocupam cargos de liderança, incluindo as gerências de todas as nossas filiais”, afirma.



Rádio e TV aberta lideram as fontes de distribuição


Apesar do boom das plataformas de streaming, os tradicionais meios de rádio e TV aberta seguem sendo as maiores fontes de distribuição de direitos autorais para as mulheres, representando 25% e 20%, respectivamente. Enquanto as plataformas digitais representam apenas 10% deste montante. Neste ponto, salta aos olhos outra disparidade: comparada aos homens, a TV aberta foi a rubrica com a menor participação feminina (5% para mulheres contra 95% para os homens). Apesar disso, a TV permaneceu como maior fonte de rendimentos dentre o total arrecadado pelas mulheres.



Deste modo, a pesquisa comprova que, apesar do crescimento da participação da mulher, ainda há um longo caminho a ser percorrido rumo ao equilíbrio de gênero no mercado fonográfico.


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