ENME, a maranhense que chamou atenção da Vogue e do AFROPUNK, agora quer incorporar o amapiano ao Brasil: “músicas que escuto no repeat”
- Arthur Anthunes
- 23 de jul.
- 2 min de leitura
Sem buscar atalhos ou hits fáceis, ENME deixa claro que sua arte é lugar de sentimento e experimentação.
ENME é um daqueles talentos que brilham no Brasil. Na verdade, sua criação musical é um reflexo da nossa diversidade. Agora, a artista maranhense, que canta com orgulho sobre suas vivências enquanto pessoa negra e LGBTQIA+, ganha novos rumos com o lançamento de seu novo EP, ‘Movediça’, um primor que mistura ritmos tradicionais brasileiros com o amapiano, gênero sul-africano que ganhou as paradas mundiais ao som de artistas como Tyla.
Embaixadora do projeto AMPLIFIKA, do Spotify, ENME também ganhou destaque na Times Square, em Nova York. Confirmada no AFROPUNK Experience do Maranhão, a artista também foi destaque na Vogue Brasil com as ‘paisagens sonoras’ de sua música.
Em sua nova fase, que começa com 'Movediça’, nesta quinta-feira, 24 de julho, a artista defende que se recusa a lançar projetos rasos, mantendo sua essência artística e permanecendo longe das preocupações com paradas de streaming. Para o projeto, ela usou toda a sua vivência que adquiriu com São Paulo. “Aqui tem um lance de que você não pode lançar músicas rasas, porque músicas rasas passam despercebidas”, diz a artista, que explica. “Eu me exigi mais. Faltava mais experiência de compor junto, o que acabava limitando minha visão de verso. Fui mais a fundo, entrei numa session com todos os músicos presentes. Fui além das composições rasas, que são feitas apenas com base no beat pronto. Eu transbordei sentimentos. Vou fazer música”, conta ela.
“Estudo muito desde 2021. Queria algo que fosse 'afro-para-frente'. Eu não imaginava que a Tyla fosse fazer um grande sucesso, colocando o amapiano no topo do pop”, destaca ENME. “O amapiano faz sentido com a minha identidade — todas as claves de tambor que gosto de colocar nas músicas, continuar escrevendo em uma linguagem mais digital. E o gostoso desse gênero é que você pode colocar flow – do rap, do trap – mas também pode colocar uma música de amor, de romance, que é a cara do R&B. Consegui, no amapiano, juntar tudo isso e trazer uma brasilidade.”
Sobre a cobrança de números, ENME faz questão de defender sua arte. “É divertido fazer música. Eu não estou fazendo música pensando em qual refrão vai bater na pista, se o povo vai consumir, quantos streams eu vou ter e se minha carreira vai deslanchar com isso. Estou fazendo música porque eu gosto de ouvir”, enfatiza. “Músicas que me dão vontade de colocar no repeat, que me dão vontade de cantar”.
Entre as artistas e projetos que não saem do seu próprio fone, ENME cita Ayra Starr, Doechii, Bree Runway, a conterrânea Núbia e o 'The Gift', que segundo ela é “um dos melhores projetos da Beyoncé”. Sem buscar atalhos ou hits fáceis, ENME deixa claro que sua arte é lugar de sentimento e experimentação: “Quero transbordar sentimentos.”
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